Quando abordamos a CNV (Comunicação Não Violenta), falamos a respeito de como podemos nos relacionar com os outros em todas as instâncias de nossa vida. Porém esquecemos de olhar para o principal, que somos nós mesmos.
Como tratar o outro com compaixão se não tenho compaixão comigo mesmo?
Ao longo da vida nós aprendemos a ser violentos com nós mesmos. Estamos sempre nos criticando, avaliando, julgando e olhando somente para o que temos e somos de errado. Esquecemos de perceber a beleza que temos dentro de nós. Perdemos a conexão com nós mesmos e com a energia divina que está no interior de cada um de nós, que é a nossa origem.
Se somos energia e nos tratamos mal, só podemos tratar o outro mal. Se olharmos para dentro de nós e enxergarmos uma pessoa em sua essência boa, poderemos começar a mudar o conceito que temos a nosso próprio respeito.
Podemos fazer algumas mudanças em nossos comportamentos e atitudes para com nós mesmos e com isso ver o reflexo nos outros.
- Sempre que você se autoavaliar, reflita que o que fez foi o melhor que podia fazer com o que sabia e estava ao seu alcance, ao invés de dizer que poderia ter feito melhor. Como fazer melhor se ainda não sabemos?
- Perceba que você é imperfeito, não é dono da verdade e que está sempre em aprendizado. A cada dia você é melhor do que no dia anterior.
- Lembre-se: quando você deixar de se condenar, poderá abrir espaço para fazer escolhas melhores no futuro. Caso contrário, ficará sempre se achando ruim e com isso sua autoestima vai embora.
- Quando for dar um feedback a alguém, sejam filhos, maridos/esposas, parceiros, amigos, colaboradores etc. ou a si mesmo, elimine o MAS de sua fala, porque ele invalida tudo de bom que você disse anteriormente. Ex.: “Filho você tirou uma nota boa, MAS espero que da próxima consiga tirar uma mais alta. Você pode!”
- Quando fizer algo de errado que não gostaria de ter feito, elimine as frases que costuma dizer para si mesmo. Por exemplo: “Isso foi burrice! Como pude fazer uma coisa tão idiota? O que está errado comigo? Estou sempre pisando na bola”. Pergunte-se: “O que está certo nessa situação que ainda não percebi? O que está certo sobre mim que ainda não percebi?” Lembre-se, você só faz o que sabe e não merece sofrer pelo que ainda não sabe.
- Quando alguma situação nesse sentido acontecer, pergunte-se: “Que necessidade minha não foi atendida?”
- A energia que você exala quando se condena é a que transmite a si mesmo e às pessoas à sua volta. Somos energia e nossas vibrações exalam e isso determina o modo como as pessoas se sentem ao nosso lado. Experimente perceber se, quando você se condena, alguém permanece perto. Meu convite é que você exale energias positivas; você perceberá quantas pessoas vão querer estar ao seu lado.
- Na medida em que você se avalia sentindo vergonha, você acaba permitindo que o aprendizado do ódio cresça dentro de si mesmo. Quando sentimos vergonha, nós nos odiamos e com isso nos fechamos e acabamos por contribuir menos para a vida.
- Toda a vez que você utiliza o verbo DEVER – eu DEVO, eu DEVERIA –, está fechando possibilidades e escolhas, pois dever é uma obrigação e para isso não tenho saída. Ao mesmo tempo você resiste, porque essa palavra soa como ameaça à autonomia. Você acaba sendo um tirano para si mesmo.
- Outro verbo é TER – eu TENHO –, que vai na mesma linha do anterior.
- Evite os dois verbos acima, pois eles estão destituídos de alegria de viver e de facilidade.
Sempre que utilizamos de julgamento interno em vez de compaixão por nós mesmos, tornamo-nos “mais parecidos com uma cadeira do que com um ser humano”, como diz Marshall Rosenberg.
É muito importante que mudemos nosso diálogo interno, abandonando o julgamento, crítica, avaliação, condenação de nós mesmos e focando naquilo que necessitamos. Lembre-se: todos os julgamentos são expressões trágicas de nossas necessidades não atendidas.
Quando entramos em contato com nossos sentimentos e às necessidades não atendidas, conseguimos nos perdoar por algo que fizemos e do qual nos arrependemos.