Vivemos em um mundo tão complicado, frio e calculista, que acabamos fazendo da mesma maneira. Como então sair do piloto automático e exercitar a paciência?
Vivemos em um mundo tão complicado, às vezes, tão frio e calculista que acabamos nos envolvendo e fazendo da mesma maneira. Percebo a desconfiança, a incerteza, o sufocamento, a sobrecarga em várias falas e não é percebido que essa confusão se dá pela forma como nos permitimos lidar e perceber as outras pessoas.
Quando Marshall fala que a CNV é a linguagem da vida para mim reverbera como uma reforma íntima e essa reforma requer renunciar a um dos maiores entraves que temos na vida que é libertar nosso Self do nosso Ego. Isso não significa evitar o Ego e sim abraçá-lo porque ele tem uma função na vida e podermos aprender gradativamente a deixar o nosso Self emergir. Isso requer disciplina, persistência, paciência comigo mesmo, com o outro, com as situações que acontecem em volta e buscar o entendimento que existe uma razão de ser, mas que eu não precise cultivar a raiva, ódio, a intolerância, o julgamento dentro do meu ser. Que posso acolhê-lo e dar um espaço dentro de mim para o luto e buscar alternativas e estratégias em como lidar com tudo isso.
Vivemos um momento no mundo em que muitas pessoas buscam a melhoria interna, por meio do autoconhecimento e talvez uma das perguntas que fazem no seu íntimo seja: “Não quero ser mais quem sou, mas ainda não sou quem desejo ser. Então quem sou eu?” Essa frase extraí do livro Reforma Íntima Sem Martírio de Ermance Dufaux. Essa pergunta nos traz questionamento e ansiedade por várias questões em nossa vida, como qual o meu corpo ideal se não gosto do meu? Minha profissão hoje não me traz a alegria que tinha no início, será que escolhi errado? O que acontece que estou em constante conflito com pessoas que amo e não tenho paz de espírito? Por que quando tudo parece bem, acontece uma situação que me tira do centro?
Marshall vem trazer para o nosso dia a dia uma maneira de olharmos para dentro de nós, como podemos construir uma linguagem de paz em nosso mundo interior e exterior. Não podemos construir uma relação de qualidade, sintonia, conexão e leveza conosco e com o outro se não adentrarmos no mais profundo do nosso ser. Isso requer permissão interna, disponibilidade, mudança de percepção em relação a si mesmo e ao outro, aprender a lidar com a dor em descobrir, trazer a consciência comportamentos e atitudes que muitas vezes escondemos de nós mesmos, lacrando a sete chaves e estarmos maduros internamente e isso não tem a ver com idade cronológica. E para tudo isso requer que tenhamos paciência para de forma gradual ganharmos músculos internos para lidar com o que considero mais importante, o desafio de encontrar consigo mesmo.
Na medida que conquistamos esses músculos vamos florescendo algumas habilidades que estão enraizadas no mais íntimo do nosso ser como a compaixão, a empatia, o amor maior e não amor que conhecemos, mas o amor ao Ser Humano na sua integralidade. Aprenderemos a perceber nossos sentimentos, necessidades e valores. Poderemos perceber que mesmo nosso maior inimigo aparente tem as mesmas necessidades e valores por mais que no primeiro momento não consigamos enxergar. É um trabalho árduo, de dedicação na reformulação de nosso programa mental, da maneira como nos enxergamos e aos outros. Trazendo um pouco à luz do livro de Viktor Frankl, um sobrevivente do holocausto, ele nos diz que “A última das liberdades humanas é escolher a própria atitude.” E para mim é ser autorresponsável. Nada e nem ninguém tem culpa em como eu reajo diante das situações. As pessoas podem trazer os estímulos, mas a maneira como eu lido é de única e exclusiva responsabilidade minha.
Uma das dicas que posso deixar para ser exercitado, é quando fizer algo que acredita tenha sido errado, será importante se perguntar quais as necessidades que diante desta situação foram desatendidas, ao invés de se desqualificar pensando que existe algo de errado com você e perdendo a paciência consigo mesmo.
Adiante um exemplo: Um gestor grita com um colaborador e em seguida seus pensamentos foram: Como pude ser tão agressivo? Como sou ruim como gestor.
Qual necessidade/valor sua foi desatendida nesta situação? Talvez respeito seja um valor/necessidade importante para você e por isso se sentiu mal com o que fez. Fazer contato com o sentimento que emerge dessa situação ao invés de se julgar, se desqualificar, poderá ajudar a ter uma atitude diferente em outra ocasião. O mais importante é saber que a escolha é sempre sua em qual a atitude irá ter diante de qualquer situação e isso é aprender a sair do piloto automático e exercitar a paciência.
O Anjo da Paciência
“Com a qualidade da paciência, saberemos seguir o fluxo da energia passo a passo, em direção ao sucesso de nossas realizações. Se manifestarmos uma paciência amorosa, sem esperar que as coisas aconteçam rapidamente, estaremos conscientes de que tudo o que fazemos tem um valor real. A Natureza nos dá o grande exemplo de amorosa paciência através dos maravilhosos tesouros que cria.“
Extraído do livro Meditando com os Anjos da Sônia Café