Uma das coisas importantes para aprender a ser compassivo consigo mesmo é buscar o autoconhecimento e isso pode ser doloroso a princípio
Uma das coisas importantes para aprender a ser compassivo consigo mesmo é buscar o autoconhecimento e isso pode ser doloroso a princípio.
Estamos vivendo um momento tão complexo que precisamos ficar a todo momento cuidando de como recebemos as informações. Vemos tanta intolerância, impaciência, críticas, ofensas, avaliações que se não tomarmos cuidado somos levados pelas mesmas emoções e sentimentos. E, quando se refere a nós mesmos, fica ainda pior.
Será que já se parou para pensar como os vieses inconscientes nos tomam de rompante? A sensação que tenho é como se o ser fosse abduzido e quando percebesse ele já estaria emaranhado, sem distinguir o que é seu, o que é do outro e do coletivo.
A violência só gera violência. O julgamento só gera julgamento. A crítica só gera crítica. Como seria se pudéssemos transformar dentro de nós e, por mais violência, julgamento, crítica, avaliação que recebamos, pudéssemos gerar algo novo como a generosidade, a compaixão.
Tenho aprendido a respirar todas as vezes que recebo um estímulo, antes de sair dando opinião ou tomando atitudes que possa vir a me arrepender depois. Às vezes não dá tempo, mas na grande maioria tenho procurado ficar alerta para como recebo, o que se passa no meu corpo, o que eu penso, investigar sobre a situação, refletir e aí depois tomar uma ação ou não.
Marshall quando fala de compaixão diz que se nasce compassivo, mas a perde ao longo da vida e resgatar a humanidade que vive dento de nós será de suma importância.
E uma das coisas mais difíceis é ser compassivo consigo mesmo.
Ao longo desses anos venho estudando e praticando várias abordagens e como elas se entrelaçam e mantém uma interdependência e o que culmina para mim na compaixão é o amor, a bondade, a generosidade, a equanimidade.
Kirstin Neff em seu manual de mindfulness e autocompaixão coloca que a questão fundamental da autocompaixão é termos a clareza “Do que precisamos”. Ela também coloca que por meio da autocompaixão passamos a nos tornar um aliado interno ao invés de inimigo interno.
Ser compassivo consigo mesmo tem a ver com a forma como você trataria um amigo em dificuldades, mesmo diante de um erro, de um desafio ou de estar sentindo inconveniente.
A autocompaixão começa quando você cultiva um estado de presença e se conecta consigo mesmo com clareza e, o mais importante, sem interpretações do ego que nos devastam quando cometemos um erro, somos inconvenientes ou estamos diante de desafios. Lembre-se da sua humanidade e resgate-a nas situações de adversidades.
Para ajudar então vou indicar um exercício que está no manual de mindfulness e autocompaixão:
Como tratar um amigo?
- Feche os olhos e então reflita por um momento sobre a questão a seguir:
- Pense várias vezes em que você teve um amigo próximo que estava com algum tipo de dificuldade – teve um infortúnio, fracassou ou se sentiu inadequado – e você estava sentindo muito bem consigo mesmo. Como você normalmente responde aos seus amigos nessas situações? O que você diz? Qual o tom de voz você usa? Como é sua postura? E como é sua comunicação não verbal?
- Pegue um caderno e descreva o que você descobriu.
- Agora, trazendo para você, feche novamente os olhos e reflita sobre as diversas vezes em que você teve dificuldades, infortúnio, fracassou ou se percebeu inconveniente. Como você responde para si mesmo diante dessas situações? O que você diz para si mesmo? Qual tom você utiliza para si? Como percebe sua postura? E qual a sua comunicação não verbal consigo mesmo?
- Novamente descreva no caderno o que você descobriu.
- Agora reflita sobre as diferenças entre como você trata seu amigo e como você trata a si mesmo diante das dificuldades? Existe algum padrão? Qual o padrão que percebeu?
Se sentir chocada com a descoberta, lembre-se que você não está sozinha, pois a grande maioria das pessoas faz como você.
Uma das coisas importantes para aprender a ser compassivo consigo mesmo é buscar o autoconhecimento, a autodescoberta e isso pode ser doloroso a princípio. Mas na medida que mergulhar em si mesmo, você trará clareza a sua vida, diminuirá a angústia e a ansiedade e iniciará uma vida mais plena e feliz.
O quanto você pode ser um bom amigo para si mesmo?
Wania Moraes
http://www.waniamoraes.com.br/