Você já viveu a situação de conhecer alguém ou de conviver com uma pessoa que faça parte do seu círculo de relacionamento, mas que o irrita?
Você já viveu a situação de conhecer alguém ou de conviver com uma pessoa que faça parte do seu círculo de relacionamento, mas que o irrita? Ela não pode nem abrir a boca que seu corpo todo se contrai e sua vontade é gritar: “Cale a boca”. Pode ser seu gestor, um colega de trabalho, um parente próximo e você não sabe mais o que fazer para se livrar disso. Bem, vou contar como isso pode ser resolvido.
Em primeiro lugar, preste atenção em si mesmo e perceba com toda a verdade em que você se assemelha à outra pessoa. Eu já sei que você vai pensar: “Eu não tenho nada a ver com ela; ela é completamente diferente de mim”. O que talvez você não saiba é que o outro é nosso espelho e tudo que nos irrita nele nós temos dentro de nós. Mas como?
Temos questões dentro nós que escondemos de nós mesmos, porque não queremos ser vistos como chatos, irritados, egoístas e outros adjetivos que conhecemos para avaliar, julgar, criticar e opinar a respeito das pessoas.
Uma das coisas que precisamos fazer é contatar nossa sombra. E o que é a sombra? Ela é o nosso lado negro. Lembra do Star Wars em que Darth Vader representa o lado negro da força? Ele era um Jedi bom que se deixou atrair pela sombra e em um dos filmes ele acaba lutando com o próprio filho. Esse filme, na minha percepção, atrai multidões porque temos as duas coisas dentro de nós, a luz e a sombra, porém negamos isso a todo custo e cada vez mais nos distanciamos do nosso EU, que tem os dois lados.
A sombra nos mostra nosso lado obscuro, nossas mazelas, nossos erros, o fato de que não somos tão bonzinhos assim, o lado que condenamos, massacramos, criticamos, julgamos, avaliamos ou opinamos num piscar de olhos, sem olhar em volta, sem refletir sobre o que levou o outro a agir assim, sua história, porque achamos que ele está errado e nós estamos certos. Ou seja, o lado obscuro da nossa personalidade. Nela existe tudo aquilo que consideramos inferior, que queremos negar ou esconder. Aquilo que é considerado fora dos padrões sociais, contrário à moral. Os desejos reprimidos, aspectos de personalidade menos louváveis, os instintos animais.
“A sombra é a parte de nós que não gostamos, que não conhecemos ou não queremos conhecer.
É o nosso lado sombrio caracterizado pelo inferior, pelas qualidades incivilizadas ou animalescas que o ego deseja esconder dos outros”
(Carl Jung)
A sombra está em nossa comunicação o tempo todo, porque ela faz parte de nós. Existem várias frases de Madre Tereza de Calcutá e uma delas acho que vale a pena citar aqui. Ela disse: “Quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las”.
Em grande parte, negamos nossa sombra e nos identificamos apenas com a máscara. Essa parte negada é inconsciente e não é percebida; daí cria-se um movimento de resistência interna.
Ano passado estive em um congresso e tive a oportunidade de participar de uma oficina sobre a sombra e vou compartilhar uma das coisas que aprendi sobre ela e, talvez, faça sentido para você:
- A sombra é um dos arquétipos mais primitivos do ser humano;
- Para Jung, a sombra é a cauda do dinossauro. A cauda do dinossauro pode ser equilíbrio, movimento, arma de defesa ou pode ser usada para adestrar;
- A sombra está louca para vir à tona. Ela é o oposto do ego;
- As polaridades têm a mesma força e ela é a construção do nosso ego. Na mesma proporção em que você escolhe o personagem você esconde a sombra;
- A sombra é da natureza humana;
- A vida não vivida da mãe ou do pai influencia positiva ou negativamente;
- Uma criança reprimida é uma forma de infantilizar o adulto.
Olhar para nossa sombra é importante para que possamos capturá-la e, depois, controlá-la.
Então, quando alguém o irritar, olhe para sua sombra e veja o que há nele que também é seu. Lembre-se, nós somos espelho uns dos outros.