Se não tivermos a clareza do que realmente é resiliência, ficaremos patinando por acreditar que voltaremos ao estado original após as “pauladas” da vida.
Resiliência é levar paulada e sair ileso. Será?
O ano de 2020 li e ouvi muito a respeito da resiliência, contudo acredito que a maioria das pessoas ainda faz correlação com a física. A capacidade de alguns corpos retornarem à forma original após serem submetidos a uma pressão exacerbada ou se recuperarem facilmente diante dos reveses.
Vamos fazer uma reflexão. Quando uma pessoa tem uma situação de estresse elevado ou lida com as adversidades, será que ela volta, de fato, ao seu estado original? Ou ela, na verdade, aprende a lidar com o estresse de forma segura e com flexibilidade para tirar aprendizados e seguir em frente? E, em situações semelhantes busca na sua mente como foi que realizou da última vez?
Resiliência tem a ver com flexibilidade cognitiva. Tem a ver com a capacidade do ser humano administrar os conflitos, as situações de estresse e as adversidades olhando como a situação se apresenta. Quais os desafios terá que enfrentar para buscar soluções favoráveis. Ter a clareza que a realidade está aí, mas que pode acreditar que existe uma solução, mesmo que não tenha controle sobre os eventos. Isso porque tudo na vida passa, nada é estanque ou eterno. Ela precisa olhar a situação fazendo uma ampliação e, dessa forma, mudar a perspectiva.
Ter insights e criatividade para busca de soluções não é fórmula mágica que você tem ou não tem. É um esforço grande, requer estudo e experiências que irão ajudar a encontrar uma solução.
Ambrose e Sternberg (2012) colocam que:
“As pessoas têm potencial para serem criativas, mas descobrem que a tendência ao dogmatismo interfere na criatividade. Elas não sabem ver as situações sob novas perspectivas.”
Isso nos mostra que todos nós temos o potencial para busca de soluções diante das situações. E o que mais influencia é o contexto social, intelectual, cultural e histórico no qual vivemos.
Venho estudando a resiliência nos últimos 5 anos com o Ph.D Prof. George Barbosa, presidente da SOBRARE, e na resiliência entendi que nos relacionamos com modelos de crenças determinantes do comportamento resiliente, que adquirimos ao longo de nossas vidas e, como disse acima, têm influências significativas em nossas vidas. As crenças têm origem em nossas necessidades atendidas parcialmente, totalmente ou não atendidas e delas criamos nossos juízos e valores. Dessa forma a maneira como aprendemos a nos relacionar está diretamente ligada à forma como vivemos, observamos, aprendemos e replicamos.
Podemos mudar aquilo que acreditamos que exista uma solução e que faça sentido.
Se não tivermos a clareza do que realmente é resiliência, podemos ficar patinando por acreditar que se buscarmos uma forma de nos comunicarmos conforme a CNV, ser bonzinho, (o que não é verdade), que o outro pode falar da forma que ele quiser, que vou levar muita paulada e aí vou me recuperar, como se nada tivesse acontecido. Porque, o conceito de que a pessoa volta ao seu estado original é ser resiliente é uma crença cultural e na qual convivemos há muito tempo.
A CNV nos traz a importância de mudarmos nossa perspectiva a respeito do que outro nos fala. E mudar a perspectiva requer uma abertura e permissão internas para assim mudarmos a crença rígida que nos impede de ter flexibilidade.
Uma das formas de fazermos isso é aprendermos de que nossa criatividade não acontece como fórmula mágica como já coloquei acima, mas depende sim de um esforço e conhecimento de como podemos buscar novas soluções.
Solucionar um problema, é suplantar um obstáculo para atingir uma meta. Existem dois tipos de problemas, os bem estruturados e os mal-estruturados. Os bem estruturados são aqueles em que eu tenho um passo a passo, que eu posso agir de forma intuitiva ou pela tentativa e erro. Os mal-estruturados, são aqueles onde não existem possíveis respostas, como por exemplo a tomada de decisão. Todos os dias em nossas vidas estamos diante de problemas mal estruturados e uma solução positiva depende da forma como lidamos com eles. E o que pode nos atrapalhar, é termos a crença rígida de que o problema não tem solução.
Então a importância para estarmos abertos a novas perspectivas e forma de olhar o problema, irá nos ajudar nesta busca de soluções favoráveis diante dos obstáculos.
Gostou do artigo? Quer saber mais a resiliência e a flexibilidade cognitiva? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Wania Moraes
http://www.waniamoraes.com.br/